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quarta-feira, 11 de outubro de 2017

SONY VOLTA A GRAVAR VINIL

Sony volta a fabricar discos de vinil após quase 30 anos


Empresa cancelou produção do formato em 1989, por causa dos CDs. Vinil vive renascimento, com 17,2 milhões de unidades vendidas nos EUA em 2016.






Sony anunciou  que voltará a fabricar discos de vinil, devido ao aumento da demanda global pela música analógica. A mudança ocorre quase 30 anos depois de a empresa decidir cancelar sua produção do formato em 1989

A Sony Music Entertainment, braço musical do conglomerado japonês, decidiu retomar a fabricação de vinis durante o exercício em curso em suas duas fábricas situadas no Japão, conforme confirmou à agência Efe uma porta-voz da empresa, que não quis revelar o volume de produção previsto.

A empresa japonesa interrompeu a fabricação para uso doméstico dos discos em 1989, por causa da crescente fatia do mercado musical monopolizada pelos CDs, o formato físico digital que a própria Sony ajudou a desenvolver e começou a distribuir em 1982.

Renascimento do vinil


Agora, a Sony pretende se readaptar ao renascimento que vive o vinil, graças às vendas de álbuns de segunda mão e ao número crescente de novos lançamentos no antigo suporte analógico.

Além disso, a companhia instalou um novo estúdio de gravação no centro de Tóquio concebido especialmente para produzir os "masters" dos quais serão geradas as cópias em vinil e aproveitar melhor a qualidade desse formato, segundo a porta-voz.

As vendas de vinis no Japão chegaram a cerca de 800 mil unidades em 2016, oito vezes mais que em 2010, segundo dados da indústria musical do país.

Essa tendência também está sendo observada em outros lugares, como o Reino Unido - onde as vendas de vinis no ano passado chegaram a superar às de música em formato digital - e os Estados Unidos, onde 17,2 milhões de discos foram vendidos em 2016.

MATÉRIA DO SBT SOBRE O CRESCIMENTO DE VENDA DE VINIL



A VOLTA DO DISCO DE VINIL

Vendas de vinil voltaram com força e estão crescendo cerca de 20% ao ano





Não há motivos econômicos determinantes para a volta em grande estilo dos discos de vinil. Nostalgia não tem preço.
Lulu Santos, Paralamas do Sucesso, Diana Ross, Lionel Ritchie. Esses são artistas que estampam discos que o repórter Phelipe Siani herdou do avô, que achava que esse acervo histórico da música ia sumir completamente do mercado. Ele se achava um saudosista por isso. Só que, em 2016, os vinis estão super na moda e o motivo é surpreendente.
Porque muitas das máquinas antigas de vinil estão voltando a funcionar. Algumas, por exemplo, são de 1954. Eram da Continental, a empresa que fabricava, por exemplo, os discos do grupo Secos & Molhados, de 1973. Essas máquinas foram compradas em um ferro-velho, quer dizer, tiveram que ser modernizadas.
Mas como a gente está em 2016, as prensas da década de 1950 tiveram que ser modernizadas e aí elas acabaram ganhando painel de controle digital que vai fazer com que todo o processo seja muito mais preciso. Deve ter dado muito trabalho pra colocar essas prensas para funcionar desse jeito, né?
"Bastante. Por um ano e meio nós reformamos ela para que tudo isso aconteça para ter um disco de qualidade. Praticamente nós usamos só a carcaça dela. O resto foi totalmente desenvolvido novamente", conta o técnico Luiz Bueno.
E tem disco que é fabricado no Brasil, em uma outra fábrica. Quando a fábrica de São Paulo ficar pronta com todas as sete prensas, ela vai ter capacidade de produzir mais de 10 mil discos por dia. Isso é mais do que é produzido na única fábrica que existe no Rio de Janeiro.
Depois de prensado, o vinil vai para um aparelho onde a bordas é cortada. Esse equipamento que existe no Rio é de 1979. Como essa máquina, existem outras quatro na mesma fábrica. Todas semi-automáticas, ou seja, quem dita o ritmo é o ser humano, é o operador.
No Brasil, foram fabricados em 2014 102 mil discos. Todos saíram da fábrica do Rio de Janeiro. Em 2015, no ano seguinte, foram 123 mil discos. A previsão dessa fábrica é encerrar este ano de 2016 com uns 20% de aumento na produção, ou seja, 150 mil discos fabricados.
E essa história de disco de vinil voltando à moda não é exclusividade só nossa. Na Inglaterra, por exemplo, as vendas desse tipo de mídia só aumentam, na contramão das quedas nas vendas de CDs. Um grande exemplo de tudo isso é o que está sendo feito nos estúdios que ficam perto da faixa de pedestres mais famosa do mundo.
No Reino Unido, os vinis atropelaram velhas marcas. No ano passado, esse "boom" ficou evidente: as vendas ultrapassaram a dois milhões de cópias de LPs, o que não acontecia há 21 anos. A prova de que isso não é passageiro está nos próprios estúdios de Abbey Road.
O lendário Abbey Road agora trabalha com uma nova tecnologia de remasterização de LPs. A promessa para os clientes é libertar aqueles graves e agudos da gravação que nunca foram fielmente reproduzidos. Abbey Road Studios começa com seis clássicos, incluindo "Exile on Main Street", dos Rolling Stones, e depois vai expandir a produção. Investimento em um setor dado como morto. O mundo dá mesmo voltas.
As grandes lojas também já mergulharam de volta nesse mercado. Não é só uma coisa retrita a um nicho. Existe muito espaço para as bolachonas. A explicação está nos números: nos Estados Unidos, por exemplo, o maior consumidor de música do mundo, o vinil ainda vende menos que o CD, mas rende mais dinheiro para as gravadadoras do que as músicas compradas pela internet, que a gente ouve no computador ou no celular.
Os números do vinil estão melhorando ano a ano e o faturamento já se aproxima dos valores de 1988, quando o CD era a novidade. No Brasil não é diferente porque tem muita gente apaixonada pelas bolachonas.
"Você vê o vinil tocar, pode movimentar. mexer no encarte, na disposição. Para mim é uma coisa mais quente, uma coisa que dá mais entusiasmo do que o próprio CD", diz Marco Aurélio da Silva, administrador de rede.
Paixão pelo entusiasmo e pela possibilidade de romantismo. "Você está em um romantismo e aí você quer ouvir uma música 'opa, deixa eu ir lá colocar uma música praquela preta, lá. pra mina ouvir'. Você pega o vinil, deixa ele bem bonitinho para colocar na bolacha, arruma também um vinho, liga pra mina e vai. É o 'crima'. Nossa, essa aí vc acertou bem no meu coração", define Nego Chique, produtor musical.                                                                                                                                                                                        É...vai ver que todo esse sucesso vem do tal clima que só o vinil dá.

VIDEO DA MATERIA DA REDE GLOBO SOBRE A VOLTA DO VINIL





CENTRO CULTURAL DE SÃO PAULO

Com mais de 80 anos, Discoteca Oneyda Alvarenga tem coleção de 75 mil vinis



Se você gosta de música e de vinis, a Discoteca Oneyda Alvarenga pode se tornar um parque de diversões sonoro e visual. Reaberto em fevereiro após uma reestruturação, o espaço localizado no Centro Cultural São Paulo completa 80 anos em agosto e possui uma coleção de 30 mil discos de 33 1/3 rpm (rotações por minuto) e de 45 mil de 78 rpm. Lá estão à disposição para audição obras de artistas tão diversos quanto Noel Rosa, Franz Schubert, Bob Marley e The Smiths. Além de escutá-los, o público pode ver e manusear encartes e capas.

O serviço é gratuito e funciona com base num banco de dados, no qual todos os vinis estão catalogados. O usuário faz uma busca pelo nome do músico/disco no computador ou no fichário de papel, preenche a requisição com o número de catálogo do álbum e a entrega ao atendente. Depois basta se sentar numa das oito poltronas com fone de ouvido para escutar a música. Dá para ouvir em dupla também. 




Outra forma de aproveitar a coleção é a picape individual com 200 títulos escolhidos pelos próprios funcionários, uma novidade da reabertura. Nela, o ouvinte pode se acomodar na cadeira, pegar um vinil, colocá-lo na vitrola e curtir o som. “É como um self-service de discos”, brinca a coordenadora da discoteca Jéssica Barreto, de 30 anos. E há mais atrações: nos arquivos estão catalogados 10 mil livros sobre música, 2,5 mil CDs e 62 mil partituras com composições eruditas e populares e temas do folclore.


O acervo vem sendo alimentado desde que o escritor e então diretor do Departamento de Cultura de São Paulo Mário de Andrade (1893-1945) criou a discoteca, em 1935, e convidou a musicista e folclorista Oneyda Alvarenga (1911-1984) para chefiá-la. Se a ideia inicial de utilizar a coleção de discos e registros etnográficos e linguísticos como base para uma rádio-escola divulgadora da cultura nacional não vingou, a instituição se tornou referência, sendo a casa, por exemplo, das matrizes de todas as gravações que a equipe organizada pelo autor de Macunaíma fez no Norte e no Nordeste do Brasil na Missão de Pesquisas Folclóricas de 1938 (em 2011, o Centro Cultural lançou um DVD-rom reunindo vários documentos dessa expedição).


Todo o material atrai tanto brasileiros quanto estrangeiros. “As pessoas vêm por lazer e para pesquisar o acervo”, diz Jéssica Barreto. Coordenadora há seis anos, a bibliotecária conta que eles recebem muitos pesquisadores, além de maestros, estudantes, trabalhadores da região e pais que levam os filhos para ouvir música. A média de público do espaço é de 800 usuários por mês e entre os mais ouvidos por eles figuram de Cyndi Lauper, Beatles e Bezerra da Silva a Pink Floyd, Leandro & Leonardo e Miles Davis.


veja a matéria que otávio mesquita fez sobre os vinil no centro cultural de são paulo



O MAIOR COLECIONADOR DE VINIL


ZERO FREITAS



Ter uma cópia de todos os vinis já lançados de música brasileira é o objetivo de Zero Freitas, empresário que já estima guardar 5 milhões de álbuns (entre nacionais e estrangeiros) em dois galpões em São Paulo. Ele chamou atenção entre colecionadores do mundo ao comprar 1 milhão de discos de um ex-lojista dos EUA, e foi destaque em reportagem da "New York Times Magazine" no dia 8 de agosto.

Zero contratou 16 estagiários — a maior parte estudantes de história — e uma gerente para catalogar os álbuns, em um galpão na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo. O G1visitou o espaço com 500 mil discos, onde também funciona uma das empresas dele, que aluga luz e som para peças de teatro. Zero mostrou o processo de catalogação. Em outro galpão maior próximo, na Lapa, ele diz guardar mais 4,5 milhões de álbuns

O empresário, músico e colecionador quer "todos os discos de música brasileira" pois tem "obsessão por memória e história". Além do acervo em galpões, ele contabiliza 100 mil discos em casa. Os que ficam nos galpões são catalogados em uma velocidade média de 500 por dia, o que não dá conta de escoar os lotes de centenas de milhares que ele compra em todo mundo.




QUEM É O ZERO FREITAS


José Roberto Alves Freitas, que adotou o apelido Zero, é um empresário paulista de 60 anos — ele aponta erro do "New York Times", que disse que sua idade é 62. Ele é graduado em Música pela Universidade de São Paulo (USP), e se especializou em trilhas para peças de teatro. Em paralelo, cuida de negócios de transporte da família. Hoje é diretor comercial da transportadora Benfica, que, entre outros negócios, opera linhas de ônibus em Diadema (SP).

"Não tive prazer nos primeiros dez anos de trabalho com transportes. Eu tinha que ser guia turístico e viajava o Brasil todo com 90 idosas malucas e meia dúzia de jovens, nos anos 70", conta. Ele diz já ter se dedicado "24 horas por dia" tentando conciliar as trilhas de teatro e os negócios familiares. Hoje, continua com a "responsabilidade" de dirigir a companhia, mas tem mais tempo para a crescente coleção de vinis.

O empresário tem três filhos do primeiro casamento, que durou 22 anos. O segundo casamento, sem filhos, já dura 20 anos. Foi com a atual mulher que ele diz ter começado seu período de "abundância". O sucesso financeiro, segundo ele, "já estava no mapa astral".

"Quando conheci minha atual mulher, isso me abriu um canal de abundância, uma coisa mística, esotérica. Abundância financeira, mesmo. Tinha alguma coisa que emperrava isso. De repente, passei a investir em coisas que davam muito certo. Comprava uma casa caindo aos pedaços, no dia seguinte ia uma incorporadora e oferecia três, quatro vezes o que eu paguei. Isso já estava no meu mapa astral desde o início", afirma.

ENTREVISTA COM ZERO FREITAS EM VIDEO




'Maluco'
"Ele era mais maluco que eu", diz Zero Freitas sobre Olivier Toni, maestro e professor da Faculdade de Música da USP. Seu ex-professor era obcecado por buscar partituras de música barroca no interior de Minas Gerais, e acabou se tornando uma das inspirações para o esforço de Zero por colecionar música.
A paixão também vem de família. "Minha mãe é louca por música. Quando criança, me passou essa paixão por música brasileira, e aos cinco anos me comprou um piano", lembra. O primeiro vinil foi "Roberto Carlos canta para a juventude". Também é do cantor capixaba uma das peças mais valiosas da coleção atual: "Louco por você", trabalho de estreia, que foi renegado pelo próprio Roberto. Enquanto fãs do "rei" sonham com uma cópia do álbum, Zero tem quatro.
Quando vale a coleção? De cara, ele responde: "Não tem preço e não está à venda". Mas, fazendo um cálculo geral, ele diz que, entre bolachas "que não valem nada" e outras raríssimas, o valor total deve bater os R$ 5 milhões.
CATALOGANDO OS DISCOS


Projeto de site
O próximo projeto é o site Emporium Musical, onde pretende colocar a lista de todo o acervo catalogado e abrir para consulta pública. Os interessados em conhecer o disco teriam que contatar Zero pelo site e combinar a visita diretamente, planeja.
O empresário não tem ideia de quantos discos ainda precisa comprar para completar a ambiciosa meta de ter toda a música brasileira em vinil. Ele também não sabe qual o número exato de discos de música brasileira e estrangeira tem, já que a coleção total ainda está sendo catalogada.
Mas, pelo menos entre os discos de 78 rotações (populares na primeira metade do século 20), há boa expectativa de chegar à meta. "Há uma estimativa de que foram lançados 60 mil discos brasileiros neste formato. Estou de olho em uma coleção que vai me levar bem perto deste número", adianta Zero.